No Dia Internacional do Enfermeiro a comunicação oficial da DGS teve palavras de apreço para todos os enfermeiros, estendidos também à Ordem, enfatizando a importância de tais profissionais de saúde no combate ao Covid-19, mas também para além do Covid-19, transformando Portugal num caso de sucesso. Em termos práticos, no sentido de devolver a normalidade à vida dos profissionais de saúde foi revogado o despacho do Governo de 15 de março que restringia o gozo de férias.
Pela negativa a DGS revelou o número de profissionais infetados (dados de dia 10, os que estavam disponíveis): 3148, dos quais 468 médicos, 834 enfermeiros, 760 assistentes operacionais, 150 assistentes técnicos.
Mais uma vez, a fiabilidade dos dados foi tema. A baixa percentagem de recuperados em Portugal, quando comparado com outros países, tem a ver com a forma de recolha de dados, pois esses dizem essencialmente respeito a doentes em contexto hospitalar. De futuro, através de metodologias e plataformas, refletirão informação de doentes que recuperaram em casa. De qualquer forma, o número de recuperados em 24 horas foi de 464 casos, um grande aumento.
As medidas de desconfinamento continuam a ser tópico de destaque. À DGS cabe definir orientações e regras sanitárias para abertura de atividades. Aos cidadãos cabe o dever de aplicar e promovê-las. Ficou muito claro que tais regras são negociadas com parceiros, ministérios, sector privado e social no sentido da sua adequação e aplicabilidade tendo em conta as situações de cada sector.
No âmbito de creches, escolas, lares, futebol, a DGS estabelece um conjunto de regras de boas práticas destinadas à retoma de uma nova normalidade. A maior novidade são as visitas aos lares, que exigem preparação por parte das estruturas, funcionários e visitantes. Deve ser feita pedagogia para cumprir medidas de precaução e em cada caso concreto deve ser realizada avaliação relativamente ao risco. A informação foi clara e enquadrada pelas medidas da DGS. No contexto escolar está em curso um rastreio com vista à abertura das creches, mas o anúncio foi dúbio porque não foram facultados mais dados e pode levantar dúvidas.
Na sequência de desinformação sobre o tema nos últimos dias, a DGS explicou que a não robustez de dados dos estudos que apontam que a BCG possa ter influência no comportamento da Covid-19 leva a que se mantenham as indicações atuais do programa de vacinação português: vacina BCG apenas é aplicada a crianças em grupos de risco e com idade até aos 6 anos.
A preocupação sobre uma possível segunda vaga foi abordada pela DGS, mas a explicação foi muito confusa e incompleta. Afirmar que dependerá da consciência social e cívica de cada um e que existem planos, como por exemplo a retoma de medidas anteriormente em vigor e que terão em conta a sua proporcionalidade e dinamismo é demasiado vago, pelo que deveria ser mais explicitado em próximas comunicações.
Enfermeiros reconhecidos no Facebook
Nas últimas 24 horas, o tema que mais se destacou no nas páginas de Facebook em Portugal a propósito da Covid-19 foi o Dia Internacional dos Enfermeiros, com mais de quatro mil interações de uma publicação da TVI e mais de 2600 de outra da página do Serviço Nacional de Saúde. Também teve destaque no Facebook o caso de uma mulher espanhola, com 113 anos, que venceu o coronavírus e as publicações da página da Guarda Nacional Republicana apelando à cooperação das pessoas, nomeadamente a propósito do 13 de Maio. A conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde, em direto, foi a sexta publicação mais interativa.
Nos principais 22 grupos sobre a Covid-19 em Portugal, os temas mais em destaque nas últimas 24 horas estiveram relacionados com as regras de desconfinamento, nomeadamente as que têm a ver com arrendamentos, o recomeço das aulas do 11º e 12º anos e as regras a adotar nas creches. Destaque também para notícias sobre o cancelamento das peregrinações a Fátima e algum alarme com o facto de notícias vindas da China apontarem para a possibilidade de uma segunda vaga da doença.
A desinformação tem-se dividido entre os medos e supostas curas para a Covid-19, todas elas sem qualquer sustentação científica. Um dos maiores medos é que as mutações que o coronavírus tem sofrido possam tornar uma vacina ineficaz, o que é impreciso. Existem registos de mutações que podem ter impacto na eficácia de uma vacina, mas até ao momento o coronavírus é considerado bastante estável. Quando às supostas curas, parece que todos os dias surge um novo boato. Agora são os anticoagulantes, que são usados em pacientes com Covid-19 quando necessário, mas não existem dados que indiquem que contribuam para a cura da doença. Da mesma forma, a esperança de que o tempo quente reduza a transmissão do coronavírus é imprecisa, pois há muitas outras variáveis a considerar e há registo de o vírus ser transmitido em países com temperaturas elevadas.
Pesquisas longe da Covid-19
Em Portugal, as pesquisas de ontem estiveram relativamente longe da Covid-19 e assuntos relacionados. Os interesses voltaram-se para outras pesquisas, como “obamagate”, a hashtag criada por Donald Trump, devido a declarações nada lisonjeiras sobre a forma como o atual presidente norte-americano tem vindo a lidar com a pandemia.
Para além desta pesquisa, a única relacionada com a temática da Covid-19 é “Portugal 2020”, possivelmente espoletada pela vinda a público das projeções económicas do país este ano.