Acabou-se a calamidade, mas continua o alerta

A exemplo das últimas duas semanas, os infetados por coronavírus em Portugal continuam em média na casa dos 200 por dia, e hoje não foi exceção, com 255. Em termos gerais os casos ativos continuam a baixar.

Novidade é que, apesar do país continuar em “situação de alerta”, toda a região de Lisboa passa a “contingência”, incluindo as 19 freguesias que até agora estavam em situação de calamidade.

Outra novidade, a entrar em vigor já no sábado, são mais voos regulares de e para Portugal e novas regras para passageiros, com o objetivo de se aproximar de mais normalidade em setembro.

Vindo do Conselho de Ministros, igualmente, é a possibilidade de bares e discotecas, encerrados desde março, poderem funcionar com regras de cafés e pastelarias, até às 20h. Isto significa que poderão oferecer bebidas e alimentação ligeira. Estes estabelecimentos poderão usar espaço exterior (se tiverem) como esplanada e ocupar a pista de dança (se existir) com mesas, respeitando as normas de distanciamento social decretadas pela Direção-Geral da Saúde.

António Guterres afirmou estar preocupado com o “vacino-nacionalismo” e diz que a vacina da Covid-19, quando estiver disponível, tem que ser “um bem público mundial” e não ficar apenas disponível para os países ricos.

Isto num dia em que no Mundo se chegou aos 17 milhões de infetados e 667 mil mortes. Da Índia vêm más notícias, com mais de 50 mil novos casos num só dia.

Nos EUA, onde as novas infeções continuam acima das 60 mil por dia, a economia sofreu, no segundo trimestre (os meses da pandemia), o pior resultado desde a II Guerra Mundial. Talvez por isso Donald Trump sugeriu adiar as eleições presidenciais, mesmo que essa decisão não dependa de si. O Partido Democrata diz que Trump está aterrorizado com as sondagens.

E no Brasil Michelle Bolsonaro, mulher do presidente, tem Covid-19. A notícia surge poucos dias depois de Jair Bolsonaro ter dito que estava recuperado da doença.

Mentiras disfarçadas de desculpas

Se leu que a taxa de mortalidade da Covid-19 é quase inexistente se excluirmos quem tem condições de saúde pré-existentes, fique a saber que é incorreto. A reivindicação tem surgido de diferentes formas nas redes sociais e em diferentes países, mas defende que se excluirmos as mortes de pessoas com pré-condições a taxa de mortalidade da Covid-19 é quase inexistente. Não obstante os dados apontarem que a existência de certas condições pré-existentes aumenta significativamente a taxa de mortalidade dos infetados, a narrativa sugere de forma enganadora que foram esses pré-condições a causa de morte. Na realidade, a grande maioria das pessoas acima dos 65 anos poderá já ter identificada uma pré-condição. Aquilo que são consideradas condições pré-existentes e a forma como são registadas pode variar de país para país, mas podem representar problemas de saúde perfeitamente geríveis e compatíveis com uma vida longa e maioritariamente saudável. Para além disso, os próprios valores apresentados em muitas dessas publicações não são verdadeiros.

Da mesma forma, é incorreto que a taxa de mortalidade em Portugal tem vindo a aumentar. O rácio entre o número de infetados e o número de mortos tem-se mantido estável, com um ligeiro decrescimento da taxa de mortalidade após a inicial subida na primeira fase da pandemia.

Se está preocupado porque leu que tem mais possibilidades de contrair Covid-19 porque é mais alto, fique a saber que o fator altura é impreciso. Um estudo recente realizado numa Universidade de Manchester, com uma amostra de apenas 2000 pessoas no Reino Unido e EUA, sugere que existe uma correlação entre a altura e o risco de contágio pela Covid-19, o que não significa uma causa-efeito. O estudo, ainda em fase preliminar e a necessitar de validação por mais dados, destaca que os sujeitos altos tinham uma taxa maior de infeção do que os seus opostos. Devido à identificação dessa correlação, os investigadores apontam para a hipótese da transmissão via aerossóis ser superior à esperada e a de gotículas ser menor.

Criança infetada chama a atenção

Nas últimas 24 horas, 1091 publicações foram partilhadas pelas páginas de Facebook em Portugal com referências à pandemia de Covid-19, gerando um total de quase 68 mil interações (‘likes’, comentários e partilhas). A publicação mais ‘gostada’, comentada e partilhada veio da TVI24, e noticia o caso de uma criança de três anos que foi diagnosticada, obrigando ao encerramento da creche onde estava. A segunda publicação mais ‘popular’ é do Correio da Manhã, e alerta para o facto de os especialistas alertarem que uma segunda vaga da doença será diferente e afetará mais jovens. A terceira, por fim, corresponde aos números do relatório epidemiológico diário da Direção-Geral da Saúde.

No resto das 20 publicações mais interessantes do dia, segundo os utilizadores, encontramos temas muito diversos, mas com várias publicações a alimentarem a polémica de saber se deve ou não ser imposto o uso de máscara, inclusive em espaços abertos. Para já, a DGS não avança nesse sentido, o Governo Regional da Madeira já avançou, e nas redes sociais já corre uma petição contra essa obrigatoriedade. Um tema que parece que ainda vai dar que falar.

Nos grupos de Facebook dedicados à Covid-19, o mesmo período de 24 horas trouxe 66 novas publicações, com 435 interações, entre ‘likes’ comentários e partilhas. A segunda vaga que poderá afetar mais jovens e a polémica sobre o uso obrigatório da máscara também fazem a sua aparição nestes grupos, mas entre outros temas diversificados.

Remdesivir volta ao top 20 das pesquisas Google, em Portugal, após o anúncio de que a Comissão Europeia assinou um contrato de 63 milhões de euros com a farmacêutica Gilead para assegurar tratamentos com Remdesivir nos países da União Europeia. Esta foi a única pesquisa relacionada com a Covid-19, ontem.

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Desde 9 de maio, início deste projeto, que os psicanalistas da Sociedade Portuguesa de Psicanálise se envolveram na tarefa de criar pequenos textos, nos quais a vivência subjetiva do momento ganhasse forma em palavras, em pequenos textos de variados ritmos, recorrendo frequentemente à arte expressa por escritores e poetas. Falaram sobre o medo, o tempo suspenso, a morte, a angústia, a esperança, a criatividade, o amor, a solidariedade e o cansaço. Falaram também da violência humana e da injustiça, do sentimento de impotência e de ilusão.
Dia a dia, criaram textos que falavam de si e dos outros, numa procura de sentido e de sentires. Tentaram dar nome à inquietante estranheza que brutalmente nos invadia.
O imenso testemunho de que todo este projeto fala perdurará para além deste momento marcante da nossa história mundial, nacional e pessoal. Para o conjunto dos membros da nossa Sociedade Portuguesa de Psicanálise este tem sido um tempo e um processo de aprendizagem, de coesão, de partilha, de exposição e de transformação, no encontro com o outro, da relação existente e imaginada com o possível leitor.
Este foi um dos projetos em que nos envolvemos por acreditarmos que a Psicanálise pode e deve participar mais activamente na comunidade, nomeadamente, em momentos em que o Ser Humano é obrigado a sofrer e a realizar alterações tão profundas na sua vida.
Falámos de pesadelos e de histórias tranquilizadoras, da criatividade e generosidade humanas e muito, mas muito, do desejo de saber e de participarmos na construção do pensamento e do conhecimento. E não há conhecimento sem verdade, por mais dolorosa que ela seja. Desistir das falsas ilusões é conhecer a realidade e poder criar e lutar por sonhos, ainda que por vezes estes possam parecer utopias.
“Transformar é Viver” significa para nós que Viver é sempre Transformar, mesmo quando não temos consciência de o estarmos a fazer.
Até sempre!

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